[As informações a seguir são de caráter informativo e não substituem uma consulta psiquiátrica.]
O tratamento psiquiátrico para depressão é realizado com um(a) médico(a) psiquiatra, profissional capaz de diagnosticar diversos transtornos da mente e prescrever antidepressivos – medicamento que tem como objetivo reduzir e estabilizar os sintomas da depressão, recomendados principalmente para os casos moderados e severos.
Abaixo, será abordado de maneira simplificada e fácil de entender as principais dúvidas que você pode ter sobre o tratamento psiquiátrico e os antidepressivos.
Tratamento psiquiátrico
O que você acha de alguém com pressão alta tomar remédio para hipertensão? E sobre quem tem diabetes utilizar insulina? O que você pensa sobre o uso de antibiótico em quem tem pneumonia?
Então a pergunta que você deveria responder é: se tem um medicamento que pode te ajudar a aliviar os sintomas de uma condição que prejudica muitas áreas da sua vida, o que te impede de utilizá-lo? O uso de antidepressivos pode ser fundamental para que você consiga trabalhar os fatores que vem causando a sua depressão.
Caso o antidepressivo provoque efeitos indesejados (como qualquer outro medicamento) que deixem sua vida mais difícil, então é sempre possivel trocar de medicamento ou deixar de utilizá-los. Logo, é como se eles fossem uma tentativa de te ajudar a suportar uma dor: se não funcionar, pare de usar*.
*confira os tópicos mais abaixo para se informar sobre o uso de antidepressivos e como parar de utilizá-los.
Seu/sua psiquiatra deverá realizar uma série de perguntas para diagnosticar e tratar sua depressão, como se você faz uso de alguma substância, desde quando você vem sentindo certos sintomas etc. Porém, tem algumas outras informações que podem ser úteis para você passar para o(a) psiquiatra, como:
- Sintomas e colaterais – Quais sintomas mais prejudicam na sua vida? Quais efeitos colaterais dos antidepressivos seriam menos desejados por você? (verificar os efeitos indesejados nos tópicos abaixo)
- Histórico com antidepressivos – você já utilizou algum antidepressivo na sua vida que teve uma boa resposta? algum antidepressivo que causou muitos efeitos indesejados?
- Eventos significativos – Teve algum evento ou período na sua vida que te impacta até hoje?
- Histórico familiar – Tem algum histórico de depressão ou bipolaridade na familia? Se possível, confirme com parentes próximos.
- Expectativas com o tratamento – Você tem algum medo em relação aos medicamentos psiquiátricos que provavelmente vai fazer com que você não permaneça no tratamento?
- Período atípico – Você se lembra de alguma época que você se sentiu diferente do normal sem ter acontecido nada, talvez mais agitado/impulsivo ou mais pra baixo, que outras pessoas até comentaram? Quanto tempo durou isso?
Medicamentos de uma condição são frequentemente usados em muitas outras. Isso porque medicamentos podem ser utilizados para tratar sintomas específicos, ou seja, um medicamento que ajuda a controlar o humor, inquietação, agitação e impulsividade pode ser usado tanto para depressão quanto para ansiedade (ou outros transtornos, como: bulimia, fobia, fibromialgia etc.).
Quando uma pessoa não tem a melhora esperada com antidepressivos depois de diversas tentativas (pelo menos 2 antidepressivos diferentes), o psiquiatra pode utilizar medicamentos de outras condições (como antipsicóticos ou lítio) para amplificar o efeito antidepressivo, justamente porque um medicamento “antipsicótico” não serve apenas para quem tem psicose, assim como um “antidepressivo” não serve apenas para quem tem depressão.
Por isso, é comum o uso de medicamentos que parecem não ser para depressão, e você não precisa se preocupar caso isso aconteça com você!
Sim, é normal, e tem algumas razões para isso:
- Os antidepressivos nem sempre funcionam (veja mais abaixo sobre eficácia), sendo necessário a troca por outro antidepressivo caso o medicamento atual não apresente nenhum efeito dentro do tempo esperado.
- Mesmo que um antidepressivo tenha ajudado a diminuir os sintomas, ele também pode provocar efeitos indesejados (veja mais abaixo sobre o tema) que não são tão bem tolerados pelo paciente. Nesses casos, seu psiquiatra pode adotar a estratégia de tentar outro antidepressivo para que você não acabe desistindo do tratamento por causa desses efeitos indesejados (colaterais).
- O primeiro antidepressivo pode ter diminuído um pouco dos sintomas da depressão e foi bem tolerado por você, mas ainda não é o suficiente. Nesses casos, o seu psiquiatra pode optar por utilizar um segundo antidepressivo (mantendo o primeiro) para aliviar ainda mais os sintomas – ou aliviar sintomas que não foram tratados com o antidepressivo que você tem utilizado.
- Seu psiquiatra pode utilizar um segundo antidepressivo para combater os efeitos indesejados do antidepressivo que você tem utilizado e tem tido um bom resultado.
É comum a ideia de que os transtornos da mente (ansiedade, depressão, esquizofrenia etc.) são condições bem delimitadas e bem diferentes umas das outras. Porém, muitos transtornos e doenças diferentes podem causar um mesmo sintoma, sendo necessário realizar um diagnóstico diferencial cuidadoso. Por exemplo, o sintoma de “agitação/inquietação” pode ser por causado pela ansiedade, bipolaridade, depressão, uso de alguma substância ou hipertireoidismo (entre outras condições).
Uma outra dificuldade notável do diagnóstico é que nós ainda não temos algum tipo de exame objetivo (como o exame de sangue) que consiga detectar se uma pessoa tem depressão ou algum outro transtorno.
É por essas questões que talvez seu/sua psiquiatra esteja demorando ou tendo dificuldade de conseguir te diagnosticar e/ou te tratar. Porém, se você achar que esse profissional não está cumprindo com as expectativas, converse com ele(a) ou busque outro. Não fique sem tratamento e nem generalize um mal atendimento – afinal, profissional ruim tem em todas as áreas!
Antidepressivos – informações técnicas
Mecanismo de ação
De uma forma ou de outra, os antidepressivos sempre irão afetar os neurotransmissores, como Serotonina, Dopamina e Noradrenalina. A função dos neuro-transmissores é transmitir um sinal para o neurônio vizinho se ativar. E como isso é feito?
Um neurônio envia um mensageiro (neurotransmissor) para ativar os neurônios vizinhos. O mensageiro (neurotransmissor) vai então até o outro neurônio e coloca uma chave em uma fechadura (receptor) e, então, o neurônio vizinho é ativado. Depois disso, o mensageiro volta para o neurônio de onde saiu (recaptação). Então, o neurônio que acabou de ser ativado faz a mesma coisa com o neurônio seguinte, e é assim que os neurônios se comunicam.
Esse é o mecanismo base para entender o funcionamento dos antidepressivos, já que a maior parte dos antidepressivos funciona impedindo a volta dos neurotransmissores para os neurônios, aumentando a quantidade de neurotransmissor entre um neurônio e outro e, assim, provocando maior ativação dos neurônios.
De forma genérica, é possivel simplificar que antidepressivos que atuam na:
- Serotonina tratam: angústia, agitação, ansiedade, impulsividade.
- Noradrenalina tratam: baixa energia, fadiga, dor.
- Dopamina tratam: desmotivação, falta de interesse/prazer, problemas de concentração/cognição.
Tipos de antidepressivos
Os ISRS fazem com que seu cérebro tenha mais serotonina disponível, sendo a classe mais utilizada atualmente por trazer menos efeitos colaterais, menos risco na superdosagem, facilidade de uso e disponibilidade no mercado.
Alguns exemplos são: Sertralina, Fluoxetina, Citalopram, Escitalopram, Paroxetina, fluvoxamina.
O funcionamento dos ISRSN é similar aos ISRS, mas aumentando também a noradrenalina (um outro neurotransmissor) além da serotonina.
Essa classe de medicamento também é amplamente utilizada para o tratamento de depressão.
Alguns exemplos são: Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina, Levomilnaciprana, *Vortioxetina, Milnaciprana.
Os Tricíclicos são uma classe mais antiga de antidepressivo, causando alguns sintomas colaterais mais acentuadas e, por isso, frequentemente são prescritos apenas após tentativas com os ISRS e ISRSN. Similar aos mecanismos anteriores, os ADTs aumentam a concentração de Serotonina, Noradrenalina e, em menor proporção, da Dopamina.
Alguns exemplos são: Amitriptilina, Nortriptilina, Imipramina, Desipramina, Doxepina, Protriptilina, Clomipramina, Trimipramina.
Essa classe de antidepressivo aumenta a noradrenalina e dopamina, mas não da serotonina. Por isso, sintomas indesejados de ansiedade são mais comuns nessa classe.
Por exemplo: Bupropiona.
Os IMAO são antidepressivos antigos, sendo uma das primeiras classes de antidepressivos juntamente com os ADT. Seu funcionamento é diferente: ele impede que as monoaminas (serotonina, dopamina e noradrenalina) sejam “quebradas” depois de voltarem para o neurônio, aumentando a quantidade das monoaminas (neurotransmissores) no cérebro.
Porém, essa classe requer maiores cuidados ao ser utilizada, pois o paciente não poderá consumir alguns alimentos e, ainda, pode provocar interações com outros medicamentos e causar crises de hipertensão. Assim, essa classe de antidepressivo é raramente utilizada, sendo apenas se as outras não apresentaram boa resposta.
Alguns exemplos são: Fenelzina, Isocarboxazida, Tranilcipromina, Selegilina, Moclobemida.
Não se sabe exatamente como essa classe de antidepressivo age, mas acredita-se que ela provoca o aumento das concentrações de Serotonina e Noradrenalina. Ainda, eles são famosos por causar sonolência.
Por exemplo: Mirtazapina.
Essa classe de antidepressivo é recente e o jeito que ela funciona é diferente das outras. Seu mecanismo de ação é bloqueando um receptor (fechadura) de serotonina e se ligando a receptores de melatonina.
Apesar de ter menos efeitos colaterais e ainda ajudar no sono noturno, a acessibilidade (preço e disponibilidade) do medicamento é bem menor do que os demais tipos.
O representante dessa classe de antidepressivo é a Agomelatina.
Efeitos indesejados (colaterais)
Os efeitos indesejados (ou colaterais) são sintomas que você pode ter ao utilizar um medicamento. Ou seja, todo medicamento que você toma para aliviar alguma condição pode também causar outros sintomas.
Os efeitos indesejados dos antidepressivos podem variar de acordo com o tipo (classe) de antidepressivo, e esses sintomas podem ou não diminuir com o passar das semanas. Por exemplo: os antidepressivos que alteram a quantidade de serotonina no cérebro tendem a provocar náusea ou constipação no começo do tratamento, mas à medida que o corpo se acostuma com o medicamento, esses sintomas desaparecem.
Ainda, antidepressivos do mesmo tipo podem variar um pouco nos efeitos indesejados – por exemplo: apesar da Paroxetina e o Escitalopram serem do mesmo tipo (ISRS), a Paroxetina tem maior tendência a provocar ganho de peso do que o Escitalopram.
Em resumo, abaixo serão listados alguns efeitos colaterais dos principais tipos de antidepressivos, e isso NÃO quer dizer que:
- Você terá todos eles;
- Eles nunca irão diminuir ou sumir;
- Você não pode apresentar algum efeito que não está listado;
- Todos os antidepressivos do mesmo tipo terão exatamente os mesmos colaterais.
*Obs.1: Confira os tipos (classes) de antidepressivos no tópico anterior.
*Obs.2: Os tipos ISRS e ISRSN são os mais prescritos.
Efeitos Colaterais | ISRS | ISRSN | ADT | IMAO | ADTC | IRND |
Ansiedade/Agitação | X | X |
|
|
| X |
Dor de cabeça | X | X | X | X | X | X |
Diarreia/Constipação | X |
|
| X | X | X |
Boca seca | X | X | X | X | X | X |
Fadiga | X | X | X |
| X | X |
Tontura | X | X | X | X | X | X |
Visão embaçada |
|
| X |
| X | X |
Problemas sexuais | X | X | X | X |
|
|
Sonolência | X | X | X | X | X |
|
Insônia | X | X | X | X |
| X |
Ganho de peso | X |
| X | X | X |
|
Perda de peso |
| X |
|
|
| X |
Suor em excesso | X | X | X |
|
| X |
Eficácia dos antidepressivos
Eficácia é a capacidade de uma intervenção (como um medicamento, por exemplo) diminuir significativamente os sintomas, o mais rápido possivel.
Os antidepressivos apresentam eficácia em 50% das pessoas, ou seja, metade das pessoas que usam antidepressivo apresentam uma melhora significativa entre 6-12 semanas. Porém, esse número é uma média! Isso quer dizer que algumas pessoas precisam tentar 2 ou 3 antidepressivos diferentes para terem uma melhora, outras ficam muito boas já na primeira tentativa. Ainda, tem pessoas que tentam muitos antidepressivos diferentes e não apresentam boa melhora – é o caso da pessoa que tem uma depressão resistente ao tratamento.
E por que algumas pessoas melhoram com apenas um antidepressivo e outras não? Essa é uma pergunta ainda sem resposta definida, mas alguns estudos apontam que os receptores (fechaduras) dos neurotransmissores podem variar no cérebro das pessoas que nem uma impressão digital. Ou seja, mesmo que uma mesma região cerebral utilize serotonina, os diferentes tipos de receptores (fechaduras) mudam de pessoa para pessoa, resultando em diferentes respostas aos antidepressivos.
Qual é o melhor antidepressivo?
Essa é uma pergunta de difícil resposta. Por quê?
Como dito anteriormente, os antidepressivos vão responder de forma diferente para pessoas diferentes. É verdade que é possivel fazer uma média e ter a resposta do antidepressivo que é o mais efetivo, contudo, ainda temos que considerar uma questão muito importante: os efeitos indesejados (colaterais).
O que adianta ter um antidepressivo que funciona muito bem, mas que apresenta muitos efeitos indesejados? A tendência é que você deixe de utilizá-lo. Por isso, deve ser levado em consideração, também, os efeitos colaterais para determinar o melhor antidepressivo para você.
Apesar dos antidepressivos apresentarem uma eficácia muito parecida (principalmente os ISRS e ISRSN), os que apresentam uma eficácia um pouco superior são:
- Agomelatina
- Amitriptilina
- Escitalopram
- Mirtazapina
- Paroxetina
- Venlafaxina
- Vortioxetina
Já os antidepressivos que são mais tolerados (as pessoas conseguem prosseguir com o tratamento apesar dos efeitos indesejados) são:
- Agomelatina
- Citalopram
- Fluoxetina
- Sertralina
- Vortioxetina
Com todas essas considerações, o melhor antidepressivo vai ser aquele que você responde bem e consegue lidar com os efeitos indesejados. Por isso, pode ser muito útil dar uma olhada nos efeitos colaterais mais comuns dos antidepressivos e avaliar quais deles serão mais impactantes para você.
Por quanto tempo utilizar antidepressivos?
O uso de antidepressivo é pensado em duas fases: aguda e manutenção.
A fase aguda dura por volta de 2-3 meses, que é quando os antidepressivos vão diminuir/estabilizar os sintomas e aumentar o funcionamento social e profissional do paciente – isso significa que você se sentirá mais seguro e apto a voltar para sua vida social e a desempenhar suas funções profissionais.
A fase de manutenção tem como objetivo devolver completamente o funcionamento social e profissional do paciente, devolver a qualidade de vida que ele tinha e evitar recaídas e recorrência da depressão. Por isso, essa fase dura de 6-24 meses, considerando que cada pessoa é um caso diferente.
Assim, um antidepressivo normalmente é utilizado de 6-9 meses após você não se enquadrar mais no diagnóstico de depressão. Ou seja, você continuará usando o antidepressivo por meses mesmo após não ter mais depressão clínica.
Essa informação é muito importante por duas razões:
- Algumas pessoas acabam estranhando ainda estarem usando depressivo por meses, mesmo após não terem mais sintomas depressivos.
- As pessoas acabam achando que já estão bem e param de usar o antidepressivo por conta própria – o que pode provocar muito sintomas indesejados (veja os próximos tópicos).
Ainda, caso uma pessoa apresente fatores de risco para uma depressão persistente ou recorrente, então é recomendado que ela continue por 2 anos ou mais o uso de antidepressivos após não ter mais sintomas depressivos.
Como parar de usar antidepressivos
Parar de utilizar antidepressivos é um assunto sério, mas é muito comum pacientes decidirem deixar de usar seu antidepressivo por conta própria, seja porque já se sentem bem, seja algum outro motivo – como os efeitos indesejados.
Se você deixar de usar um antidepressivo de forma repentina, você pode piorar seus sintomas (caso você ainda tenha depressão) ou, ainda, ter alguns outros sintomas (que, inclusive, podem lembrar depressão) – a chamada “Síndrome de Descontinuação” (consulte o próximo tópico para mais informações).
Assim, é importante que você deixe de usar um antidepressivo aos poucos. A diminuição na dose dependerá do antidepressivo, e ocorrerá a cada 2-4 semanas.
Por exemplo, se você usa 40mg de Citalopram por dia, a sua descontinuação poderá ser a seguinte:
Fonte: Royal College of Psychiatrists – Stopping antidepressants
Ainda, diferentes antidepressivos podem necessitar de outras estratégias – como com os antidepressivos que apresentam um alto risco da Síndrome de Descontinuação (veja o próximo tópico), sendo mais seguro diminuir bem menos de 50% a cada 2-4 semanas. Por isso, pode ser que seu médico troque de antidepressivo para que essa descontinuação seja mais tranquila (como substituir sua Desvenlafaxina por Fluoxetina).
Síndrome da descontinuação (retirada muito rápida do antidepressivo)
A síndrome de Descontinuação não é incomum em quem toma antidepressivo, ocorrendo entre 30-50% das pessoas e podendo durar algumas semanas.
Essa síndrome acontece porque o uso continuo de antidepressivo aumenta a quantidade de neurotransmissores disponíveis no seu cérebro e, por isso, o seu corpo se adapta a essa quantidade. Quando você para de usar seu antidepressivo de repente, o nível de neurotransmissores cai muito rápido, causando alguns sintomas indesejados.
Isso não quer dizer que você não pode parar com seu antidepressivo. Apenas significa que você terá que parar de forma mais lenta e gradual. Caso você comece a apresentar sintomas e sinais da Síndrome, contate seu/sua psiquiatra.
Abaixo está a lista de sintomas possíveis na Síndrome de Descontinuação. (Lembre-se que isso não quer dizer que você terá todos esses sintomas!)
Alguns antidepressivos têm maior chance de provocar a Síndrome de Descontinuação do que outros:
Fonte: Royal College Of Psychiatrists – Stopping antidepressants
Como saber se é Síndrome de Descontinuação ou se a depressão está voltando?
A Síndrome de Descontinuação pode provocar sintomas que são muito similares aos da depressão, como insônia, fadiga e até humor deprimido. Porém, há alguns aspectos para diferenciar um do outro:
- Os sintomas de descontinuação geralmente aparecem poucos dias após a diminuição (ou parada repentina) da dose do antidepressivo.Já a volta da depressão leva mais tempo, demorando semanas ou meses para que os sintomas voltem.
- Alguns sintomas da descontinuação não aparecem na depressão e são bem diferentes dos demais sintomas, como a sensação de choques no cérebro.
- Os sintomas da Síndrome de Descontinuação normalmente melhoram rapidamente (dias ou horas) se você voltar a tomar o antidepressivo ou voltar a tomar a dosagem anterior. Essa melhora é muito mais rápida do que a melhora habitual dos antidepressivos quando estão tratando depressão.
- Os sintomas de descontinuação geralmente aparecem poucos dias após a diminuição (ou parada repentina) da dose do antidepressivo.Já a volta da depressão leva mais tempo, demorando semanas ou meses para que os sintomas voltem.
Síndrome serotoninérgica (excesso de serotonina)
Quando uma pessoa tem um excesso de serotonina disponível no cérebro, então ela tem risco de ter a Síndrome Serotoninérgica. Essa quantidade acima do tolerado de serotonina é consequência do uso de medicamentos, podendo ser causada por:
- Dosagens muito altas de antidepressivos (ou outros medicamentos que aumentam a serotonina);
- Medicamentos que tem o histórico de manifestar essa síndrome (como alguns antidepressivos IMAO);
- Interações entre diferentes medicamentos que alteram os níveis de serotonina. A síndrome normalmente se manifesta 24h após o aumento excessivo de serotonina no organismo.
Os principais sintomas são:
- Agitação ou inquietação
- Batimentos cardíacos acelerados
- Pupilas dilatadas
- Perda de coordenação muscular ou contração muscular
- Tremores e espasmos (principalmente no olho)
- Pressão arterial alta
- Rigidez muscular
- Suor excessivo
- Diarreia
- Dor de cabeça
- Calafrios
Os sintomas mais perigosos e potencialmente fatais são:
- Febre alta
- Tremores
- Convulsões
- Batimentos cardíacos irregulares
- Inconsciência
O alívio dos sintomas se dá entre 24 e 72 horas após a retirada do agente causador da síndrome.
Dúvidas pertinentes
Como todo medicamento, os antidepressivos também podem provocar efeitos indesejados (colaterais). Um dos grandes motivos para os efeitos colaterais dos antidepressivos é a seletividade: o medicamento não altera apenas uma região específica do cérebro ou um neurotransmissor específico. Com isso, três coisas podem acontecer:
- Quando você aumenta quantidade de um neurotransmissor, como a serotonina, você também aumenta a serotonina de outras regiões do cérebro e do corpo. Por exemplo: por volta de 90-95% da serotonina do seu corpo está no trato gastrointestinal (esófago, estômago e intestinos). Por isso, algumas pessoas podem sentir efeitos colaterais como náusea e constipação ao fazerem uso de antidepressivos.
- Quando você altera um neurotransmissor, outro pode ser influenciado. Pense que nosso cérebro é como se fosse uma orquestra: se você alterar uma nota, a sinfonia é outra. Assim, alterações na serotonina podem provocar uma alteração na dopamina, resultando em outros efeitos que não são desejados.
- Os neurotransmissores são o material de comunicação entre os neurônios e, por isso, eles atuam que nem chaves em fechaduras. Alguns antidepressivos podem acabar se ligando a fechaduras que não foram feitas para eles, impedindo que a chave correta se ligue a sua fechadura e, assim, provocando sintomas indesejados.
Os antidepressivos demoram, em média, de 2-6 semanas para terem efeito, e as hipóteses do porquê isso acontece são duas:
- Quando você toma um antidepressivo, há um grande aumento na quantidade de neurotransmissores disponíveis – é como se tivesse mensageiro demais circulando entre os neurônios. Então, os neurônios limitam o número de fechaduras (receptores) para eles conseguirem se adaptar a essa grande quantidade de mensageiros (neurotransmissores).
- Uma segunda hipótese tem a ver com o funcionamento dos antidepressivos. Os antidepressivos atuam indiretamente em regiões do cérebro que estão prejudicadas na depressão. Essa ação leva por volta de 4 semanas para acontecer, o que pode explicar o atraso no efeito dos antidepressivo.
Por isso, tenha paciência antes de dizer que um antidepressivo não funcionou para você. Como será abordado no tópico seguinte, os antidepressivos podem causar sintomas indesejados antes de começarem a funcionar.
A hipótese do porquê algumas pessoas sentem os efeitos indesejados (colaterais) dos antidepressivos antes de terem o benefício tem relação com a primeira hipótese do tópico acima (por que os antidepressivos demoram para funcionar?).
Quando há um aumento nos neurotransmissores, o corpo tenta dar conta desse aumento e acaba diminuindo os receptores (fechaduras) que esses neurotransmissores (chave) podem se ligar. Isso significa que, durante as primeiras semanas, seu cérebro pode ter uma baixa na ação dos neurotransmissores antes de ter uma alta. Essa baixa acaba piorando os sintomas ou até resultando em novos sintomas.
Porém, preste atenção: parar de utilizar antidepressivos antes das 4-6 primeiras semanas é o pior a se fazer. Fazendo isso, você acaba sentindo os efeitos indesejados dos antidepressivos e não tem nenhum benefício. Só passa a ser interessante parar de usar o antidepressivo antes do primeiro mês caso os efeitos indesejados sejam muito fortes e difíceis de suportar.
Essa é uma dúvida muito comum quando o assunto é antidepressivo, e ela é baseada em fatos: antidepressivos podem sim causar apatia. Não é incomum relato de pessoas que fizeram ou fazem o uso de antidepressivos afirmarem que não sentem tristeza como antes, não se importam tanto com certos acontecimentos, não choram em eventos tristes. Porém, esse sintoma também pode ir embora em algumas semanas – assim como outros efeitos indesejados causados pelo antidepressivo – e não irá modificar sua personalidade, transformando você em outra pessoa para sempre. Ainda, é sempre possivel trocar de antidepressivo ou diminuir a dose do antidepressivo atual (já que a apatia tem relação com a dosagem) para contornar essa situação.
Essa apatia também pode ser responsável pela melhora da depressão. Isso porque o antidepressivo pode diminuir tanto os sentimentos positivos quantos os negativos – em outras palavras: o negativo não fica tão negativo, e o positivo não fica tão positivo. Assim, uma pessoa que está muito deprimida e sentindo muitos sentimentos negativos sente uma melhora quando o antidepressivo diminui essa negatividade. Porém, ele também pode acabar diminuindo as sensações positivas.
É importante saber que essa apatia é um embotamento emocional, e não cognitivo. Isso significa que a pessoa apática saberá identificar o que é positivo, mas pode demorar mais do que uma pessoa que não está apática. Isso porque o emocional é aquilo que a gente sente, uma intuição, uma sensação – quando algo bom (ou ruim) acontece, você não apenas sabe que algo bom aconteceu, mas você também sente. Logo, nessa apatia, será necessário “pensar mais” para identificar o que é positivo.
O motivo pelo qual os antidepressivos podem causar apatia não é bem conhecido, mas alguns estudos apontam para uma possivel relação entre a serotonina e o embotamento emocional. Alterações na serotonina por causa dos antidepressivos acabam afetando regiões do cérebro (lobo frontal e via mesolímbica) responsáveis pela sensação de recompensa, estímulos aversivos, regulação emocional e sentimentos.
Apesar de ser amplamente divulgado que os antidepressivos funcionam porque aumentam a quantidade dos neurotransmissores, isso não explica exatamente como e porque eles funcionam.
Pense que a causa da depressão não é apenas um problema nos neurotransmissores, mas tem relação com o atrofiamento de algumas regiões do cérebro que são responsáveis por construir novos neurônios e com a diminuição da capacidade dos neurônios em se adaptar aos diferentes contextos. Essa diminuição da capacidade do cérebro de gerar novos neurônios e se adaptar tem forte relação com o estresse.
Assim, acredita-se que o aumento de neurotransmissores é responsável por proteger o cérebro desses danos e, ainda, acabe revertendo parte deles. Porém, essa proteção e reversão não são realizadas diretamente pelos neurotransmissores, mas por algum mecanismo ainda desconhecido. Ou seja, os neurotransmissores acabam ajudando a tratar a depressão de forma indireta.
Os antidepressivos são medicamentos seguros. Porém, como todo medicamento, eles também podem provocar efeitos indesejados e até alguns efeitos adversos severos. Mesmo apresentando sintomas ao parar de usar (Síndrome da Descontinuação), isso não significa que antidepressivos viciam – que nem álcool ou nicotina. Você não irá sentir uma forte vontade de usar o medicamento ou a necessidade de aumentar a dose constantemente para que ele funcione – igual benzodiazepínicos, como o Rivotril.
É importante saber que algumas considerações devem ser feitas, como:
- Idade do paciente – pacientes idosos, adolescentes e crianças devem evitar alguns antidepressivos. Por exemplo: alguns antidepressivos podem causar ideação suicida em crianças e adolescentes; outros, tem maior risco de provocar crises de hipertensão.
- Gestação e amamentação – alguns antidepressivos podem trazer riscos à criança ao passarem para o bebê através do cordão umbilical ou do leite materno.
- Comorbidades – se o paciente tem alguma outra condição, os antidepressivos podem interferir nesta outra patologia e provocar resultados danosos à saúde do paciente. Por exemplo: uma pessoa com Bipolaridade pode apresentar quadros de mania ao tomar antidepressivos.
- Interações com outros medicamentos – alguns medicamentos podem interagir com outros e provocar sintomas indesejados e até perigosos. [Veja o tópico abaixo]
Sim, antidepressivos podem interagir com diversos medicamentos que servem para tratar outras condições – podendo potencializar efeitos indesejados ou provocar novas complicações para o organismo. É por isso que é sempre importante comunicar o(a) psiquiatra sobre outras condições que você vem tratando – principalmente doenças crônicas, já que elas exigem uso contínuo de medicação.
Considerando o grande número de tipos de antidepressivo, abaixo serão listados apenas alguns exemplos de interações medicamentosas com os tipos de antidepressivos mais utilizados:
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina [e noradrenalina] (ISRS[N]):
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) – um tipo comum de analgésico (como ibuprofeno, diclofenaco ou naproxeno) que, quando usado juntamente com antidepressivos, pode causar sangramento gastrointestinal;
- Antiagregantes plaquetários – um tipo de medicamento usado para prevenir coágulos sanguíneos (como aspirina em baixas doses e clopidogrel) que, quando usado juntamente com antidepressivos, pode causar sangramento gastrointestinal;
- Clozapina e Pimozida – medicamentos utilizados no tratamento da esquizofrenia e psicose e que devem ser evitados em conjunto com antidepressivos ISRS/ISRSN;
- Triptanos – um tipo de medicamento utilizado no tratamento de enxaquecas (como naratriptana, sumatriptana e zolmitriptana) que, quando combinado com ISRS/ISRSN, pode provocar síndrome serotoninérgica;
- Outros antidepressivos – como antidepressivos tricíclicos (ADT) e, principalmente, os inibidores da monoamina oxidase (IMAO).
Antidepressivos tricíclicos (ADT):
- Inibidores da monoamina oxidase (IMAO) – O uso simultâneo de IMAO com ADT pode causar síndrome serotoninérgica ou crise hipertensiva;
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina [e noradrenalina] (ISRS[N]) – O uso simultâneo de ISRS[N] com ADT pode resultar em síndrome serotoninérgica ou elevação dos níveis de ADT no corpo;
- Medicamentos anticolinérgicos – Medicamentos anticolinérgicos, como anti-histamínicos, antipsicóticos ou medicamentos antiparkinsonianos, quando combinado com os ADT, podem causar efeitos anticolinérgicos adicionais, incluindo boca seca, constipação, retenção urinária, visão turva, confusão ou delírio;
- Anticoagulantes – Um tipo de medicamento usado para evitar o entupimento da veia (coágulo sanguíneo), como varfarina ou heparina, pode potencialmente aumentar o risco de sangramento (hemorragia) se usado com um ADT;
- Lítio – O uso simultâneo de lítio (utilizado para tratar bipolaridade) com ADT pode levar a neurotoxicidade, síndrome serotoninérgica ou síndrome maligna neuroléptica;
- Medicamentos para pressão arterial – medicamentos para pressão arterial, como beta-bloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio ou clonidina, podem interagir com os ADTs, já que esse tipo de antidepressivo pode aumentar a pressão sanguínea.
Ainda, é extremamente importante que você discuta com seu médico sobre possíveis interações entre o antidepressivo prescrito e drogas recreativas.
Sim, não e depende.
Não há nenhum estudo que aponte interações entre os antidepressivos mais prescritos (ISRS) e álcool. Por isso, tomar bebida alcoólica moderadamente não deverá afetar seu tratamento com antidepressivos. Porém, o simples fato de não ter interação medicamentosa com os ISRS não é suficiente para responder essa pergunta, sendo necessário outras considerações:
- O uso de antidepressivo com álcool pode fazer com que você fique bêbado mais rápido (alerta para coma alcoólico e parada respiratória!) e, ainda, aumentar temporariamente os efeitos colaterais dos antidepressivos. Isso porque é como se houvesse uma disputa no fígado entre álcool e antidepressivo, aumentando a quantidade dessas substâncias no organismo – ou seja, elas demoram mais para sair e, assim, acabam acumulando mais do que o normal.
- O álcool é um inibidor do sistema nervoso central, fazendo com que você se sinta mais pra baixo, deprimido, com a recorrência de pensamentos mais pessimistas. Isso ocorre porque sua capacidade de regulação emocional, concentração e julgamento ficam comprometidas com o álcool. Ou seja, o álcool acaba fazendo o papel inverso do antidepressivo.
- Tem muitos antidepressivos diferentes, com diferentes tipos, funções e mecanismos de ação, podendo sim ter interações sérias com certos antidepressivos. Se você estiver tomando um IMAO, então é muito importante que você não faça uso de bebidas alcoólicas. Ainda, o uso do álcool com alguns antidepressivos pode provocar uma potencialização de sintomas indesejados se ambas as substâncias provocarem o mesmo efeito – como um antidepressivo que causa sonolência em combinação com álcool, que também provoca o mesmo sintoma.
Referências
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