Os estudos têm apontado que a depressão tem causas multifatoriais, ou seja, a relação entre diferentes fatores contribui para a manifestação de uma depressão clínica, com aspectos genéticos (e epigenéticos), psicológicos e fisiológico.
Neurotransmissores
Há muito tempo, em meados da década de 60, levantou-se a “hipótese das monoaminas”: a suspeita que a baixa concentração de alguns neurotransmissores (Serotonina, Dopamina e Noradrenalina) era responsável por causar depressão. Porém, já há décadas que os estudos vêm apontando que não há evidências que sustentem a afirmação de que a baixa concentração dos neurotransmissores seja capaz de causar depressão.
Apesar da redução de serotonina não ser suficiente para ser a causa direta da depressão, os estudos também apontam que o aumento dos neurotransmissores em pacientes com depressão pode proteger áreas cerebrais que estão atrofiadas e produzir efeitos contrários dos sintomas depressivos – por exemplo: se, na depressão, você tem perda de interesse e concentração, um antidepressivo pode provocar efeitos de aumento na disposição, alerta e foco.
Crenças negativas
A depressão é sustentada por interpretações que a pessoa tem de si, do mundo e do futuro, gerando comportamentos e sentimentos a partir dessas interpretações. Assim, na depressão, essas crenças se dão da seguinte forma:
- Sobre si – Autopercepção como alguém incapaz, inadequado(a), sem valor ou indigno de amor/respeito;
- Sobre o mundo – Percepção do mundo como um lugar hostil e cheio de desafios insuperáveis.
- Sobre o futuro – Antecipação de um futuro terrível, sem perspectiva de que as coisas irão melhorar.
A interação entre essas visões resulta em uma pessoa que acredita ser incapaz de lidar com situações desafiadoras do mundo e com o próprio sofrimento, resultando em desesperança e estagnação em relação a vida.
Toda essa perspectiva acontece a partir de enviesamentos que uma pessoa tem. Ou seja, o indivíduo percebe e interpreta os eventos e vivências de forma tendenciosamente negativa (pessimismo) – formas distorcidas de enxergar a própria realidade.
Algumas dessas distorções cognitivas que contribuem para o quadro de pessimismo na depressão são:
- Pensamento de tudo-ou-nada: Ver situações em termos extremos, preto e branco. Palavras frequentes são: “sempre”, “todos”, “nunca”.
- Generalização: Tirar conclusões amplas (generalizar) a partir de eventos isolados; poucas evidências são suficientes para tirar conclusões sobre muitas pessoas ou acontecimentos.
- Catastrofização: Expectativa que apenas o pior possivel acontecerá, mesmo sendo extremamente improvável.
- Personalização: Assumir a responsabilidade (culpa) por eventos fora do seu controle.
- Minimização e maximização: Conquistas e aspectos positivos são minimizados e/ou considerados como sorte ou responsabilidade de outros, enquanto erros e falhas são tidos como grandiosos e de total responsabilidade da pessoa.
Seja por traumas, estilo de criação, história de vida ou cultura, a pessoa passa a desenvolver e a reforçar crenças que irão influenciar seus comportamentos e pensamentos ao longo da vida, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos e o agravamento de quadros sintomáticos.
[Se você quer saber mais sobre a Psicologia da Depressão, as consequências dessas distorções e como sair disso, clique aqui]
Estresse
Em situações estressantes (estresse diário, traumas e eventos impactantes), nosso corpo libera substâncias que aumentam o alerta, raciocínio e gasto de energia para que ele consiga lidar com essa ameaça que está por vir. Uma dessas substâncias é o famoso “hormônio do estresse”, o cortisol. Ou seja, a liberação de cortisol é uma resposta fisiológica muito importante para a nossa sobrevivência.
Porém, a liberação constante de cortisol pode ser extremamente prejudicial ao cérebro – o que acontece no estresse crônico, que é quando você tem sentido ansiedade e inquietação na maior parte do tempo. Isso porque esse excesso de cortisol diário acaba afetando áreas que controlam a liberação desse hormônio. Ou seja, estar constantemente estressado faz com que o seu corpo libere mais cortisol do que o necessário.
A consequência desse excesso é o prejuízo em outras áreas do cérebro responsáveis por funções importantes, como regulação emocional e comportamental, cognição, e até mesmo a criação de novos neurônios (células do cérebro) – contribuindo tanto para a visão pessimista sobre si e o futuro, quanto para muitos sintomas da depressão.
Ainda, o estresse e ansiedade tem um impacto muito significativo na qualidade do sono de uma pessoa. A falta de descanso também leva ao aumento de pensamentos negativos, por afetar as mesmas áreas responsáveis pela regulação emocional e comportamental, assim como a capacidade de raciocínio.
Por fim, é sempre importante ter em mente que a interpretação do sujeito sobre a situação é o que irá determinar o quão estressante a situação efetivamente é.
Genética
Estudos apontam maior frequência de depressão quando há a presença do transtorno em parentes de primeiro grau, sendo a probabilidade de 2 a 4 vezes maior. Porém, a complexidade da depressão não permite afirmar que genes específicos são responsáveis pelo transtorno, sendo dificil determinar até que medida a genética ou o ambiente influenciam nesse aumento de probabilidade.
Ainda, o modelo diátese-estresse afirma que diferentes níveis de estresse podem desencadear um transtorno, dependendo da predisposição genética da pessoa. Ou seja, uma pessoa com predisposição genética pode manifestar depressão com uma menor quantidade de estresse.
É importante enfatizar que uma mesma situação é percebida e compreendida de diferentes formas por diferentes indivíduos. Isso quer dizer que um mesmo evento não apenas provoca níveis de estresse diferente de acordo com cada indivíduo, como a predisposição em cada indivíduo também dita o quanto de estresse cada um consegue suportar até desenvolver um transtorno.
Sistema imunológico
A depressão e o sistema imunológico têm uma relação complexa e bidirecional (um afeta o outro). A depressão deixa o corpo em um estado pró-inflamatório, enfraquecendo o sistema imunológico e tornando as pessoas mais suscetíveis a inflamação e outras condições (como doenças autoimunes).
É justamente por isso que o tratamento para depressão inclui comportamentos que melhoram não apenas a imunidade como diminuem a chance de inflamação do corpo (como exercício físico, boa alimentação e um bom sono).
Reforçando ainda mais essa hipótese, o estresse crônico também desempenha um papel na supressão (diminuição) do sistema imunológico. Assim, há uma forte relação entre estresse, sistema imunológico e depressão.
Sistemas complexos
Transtornos da mente podem ser compreendidos como sistemas complexos: sintomas podem ser resultado de diferentes causas (genética, ambiental, psicológica, fisiológica), sendo que estes elementos interagem entre si de maneira complexa e de dificil previsão. Em outras palavras, um sintoma surge como resultado de diversos fatores, e cada sintoma também interage com diferentes fatores – de modo que os sintomas se potencializam e, ainda, essa interação pode gerar novos sintomas.
Por exemplo:
- Contexto: Trabalho.
Você está sendo pressionado(a) para entregar algum resultado no trabalho, gerando ansiedade. As noites ficam péssimas, você não consegue dormir direto.
- Contexto: Relacionamento romântico. Sintomas: Ansiedade, cansaço.
Por causa da ansiedade e cansaço, você fica muito mais irritado(a) e a sua cabeça fica “em outro lugar”. Por isso, a sua atenção não está voltada para a relação e as brigas começam a ficar constantes. O relacionamento com a pessoa mais importante para você está em crise.
- Contexto: Lazer. Sintomas: Ansiedade, cansaço, prejuízo na concentração.
Séries, filmes, leitura, esportes – parece que você não tem cabeça para nada disso, você mal consegue acompanhar um filme. Sua mente está cheia mas está difícil organizar tudo. Você não consegue aproveitar o tempo que você tem para descansar e desestressar.
- Contexto: Trabalho. Sintomas: Ansiedade(+), cansaço(+), prejuízo na concentração e cognição, crenças negativas.
Você está mais improdutivo do que nunca no trabalho. Seu raciocínio não funciona, sua atenção está dispersa, sua preocupação está em todos os lugares ao mesmo tempo. Você olha para o trabalho e tem certeza de que não vai dar conta disso. Você olha para seu relacionamento e acredita que vocês irão terminar – e é tudo por culpa sua! Você nem sente mais vontade de se divertir, de fazer mais nada. Você não sabe mais o que fazer. Ao que tudo indica, a sua vida está indo rapidamente em direção ao precipício.
- Sintomas finais: Ansiedade(++), cansaço(++), prejuízo na concentração e cognição, crenças negativas(+), perda de interesse e desesperança.
Poderíamos continuar, explorando outros sintomas e contextos. Considere que, no mundo real, há muitos outros contextos (relacionamento, amizades, familia, acidentes, lazer, assédio) que não só podem gerar outros sintomas, como os sintomas de um contexto irão interferir em outros contextos.
Por isso, é extremamente essencial considerar não apenas elementos isolados (sintomas), mas a relação entre as causas, vivências e as interrelações entre os sintomas para o desenvolvimento de tratamentos farmacológicos e psicológicos mais eficientes.
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